REVIEW | SOMBRAS DA NOITE

Criada por Dan Curtis, Dark Shadows é uma série americana que foi transmitida na década de 1960 pelo canal ABC, tendo seu personagem principal o vampiro Barnabas Collins que foi interpretado pelo canadense Jonathan Frid. Barnabas foi introduzido a série na tentativa de alavancar sua baixa audiência. O resultado foi positivo e a série teve boa reação por parte dos tele-espectadores dando à emissora bons retornos. Seu ultimo ano de transmissão foi em 1971, mas de lá para cá o seriado ganhou o status de cult entre seus fãs.


REFAZENDO O CLÁSSICO

20 anos depois a NBC produziu uma releitura de série e a transmitiu em seu horário nobre. Em 2004 um episódio piloto foi encomendado pela WB Television, mas o episódio nunca foi ao ar. E 40 anos depois do ultimo capítulo de Dark Shadows da ABC, Tim Burton (A Noiva Cadáver, O Estranho Mundo de Jack e Edward Mãos de Tesoura) ressuscita Barnabas Collins levando-o aos cinemas em Sombras da Noite, agora interpretado por Johnny Depp (Piratas do Caribe, Inimigos Públicos e O Libertino).

UM VAMPIRO FORA DE SUA ÉPOCA

Em 1752, o pequeno Barnabas e sua a família saem de Liverpool, Inglaterra, e vão para América onde fundam a cidade de Collinsport e constroem um pequeno império. Mais velho, Barnabas comete o erro de seduzir Angelique Bouchard, vivida por Eva Green (A Bússola de Ouro, 007 - Cassino Royale e Sentidos do Amor), uma poderosa bruxa que a despeito o amaldiçoa transformando-o em um vampiro e o enterrando vivo.

175 anos depois, Barnabas Collins é acidentalmente libertado e retorna a sua mansão, que agora é ocupado por seus descendentes, que não souberam conduzir as riquezas da família. Agora, o vampiro tenta se adequar a uma época que não é a sua, reestruturar o prestígio que sua família um dia teve e trazer pra si um amor perdido há quase 200 anos.

HISTÓRIA MAL CONTADA

A trama de Sombras da Noite do Tim Burton não está longe da estabelecida por Dan Curtis. Contudo, de forma insegura - mas válida - o remake caminha entre o gótico e o cômico, características marcantes de Burton, que dá contrapeso ao romantismo canastrão tentando ser vitoriano e ao roteiro evidentemente muito mal remendado.

São tantos os problemas com o script que o mesmo sofre ao dividir a relevância dos personagens, dando ênfase em uns e negligenciando outros, que são de suma importância no desenvolvimento do filme. Isso fica claro com Josette, que é interpretada por Bella Heathcote (O Preço do Amanhã), ela é o interesse romântico de Depp nos anos de 1970, mas se não fosse sua semelhança com Victoria, a amada de Barnabas no passado, não teria a mínima possibilidade dele se apaixonar por ela, já que sua aparição é esporádica não dando chance para construir um envolvimento entre esse dois personagens.

MUITAS ESTRELAS E UM PIRATA

E mesmo contando com um bom elenco, tendo Michelle Pfeiffer, Jackie Earle Haley, Chloë Grace Moretz e Helena Bonham Carter, o filme ainda se arrasta. Em meio a essa constelação, Johnny Depp é o astro menos brilhante, pois há muito que ele não se arrisca, dando a impressão de que seus personagens são sempre a mesma pessoa com vestimentas diferentes. Depp não é e nunca foi um mal ator, mas desde Piratas do Caribe que ele carrega consigo o “fantasma do bucaneiro”.

CONSIDERAÇÕES

Sombras da Noite é um filme razoável, mas não dá para dizer que a homenagem a antiga série a qual foi baseada está a altura, não por falta de talento e potencial, mas por comodismo e displicência. O filme até garante algumas risadas e nos remete aos tempos áureos de Burton com os clássicos Os Fantasmas se Divertem e Edward Mãos de Tesoura, mas tirando isso a única coisa boa de verdade no longa-metragem é a trilha sonora, que traz The Killers, Alice Cooper, Black Sabbath e Elton John.

AVALIAÇÃO: Regular

FICHA TÉCNICA

TÍTULO ORIGINAL: Dark Shadows
GÊNERO: Comédia, Fantasia
ORIGEM: EUA
ANO: 2012
DIREÇÃO: Tim Burton
ROTEIRO: Seth Grahame-Smith
ELENCO PRINCIPAL: Johnny Depp, Michelle Pfeiffer, Eva Green, Helena Bonham Carter, Chloë Grace Moretz e Bella Heathcote

Trailer de Sombras da Noite:



Por Jeferson dos Santos